Colher a flor azul do silêncio depois da passagem apocalíptica do caminhão de lixo perder o trem perder a hora perder a conta perder o amigo e a piada mas não perder a esperança nem o humor não perder a paciência nem a suprema soberania do amor As poesias de Beatriz Azevedo, neste livro intitulado ldade da Pedra, me fazem vibrar de entusiasmo e de incrível deleite de prazer, pois são criações de uma poeta maravilhosa que nos surpreende a cada verso. Ao ler seus poemas uma grande graça cheia de humor, sutilezas, belezas, informações, e pensamentos filosóficos eternos e modernos nos atinge com sua radiação de cores maravilhosas e uma permanente graça quase divina, mas com certeza bem feminina e felina, nos ilumina. Eu diria que além de sua profundidade e significados imanentes, os seus versos possuem uma cadência muito sensual e uma certa melodia oculta que produz ainda mais significados e insinuações paralelas que nos levam a um orgasmo espiritual. Ela pega o concretismo e o transforma em existencialismo. Seus poemas são assim uma graça infinita, um prazer de ler, ironias, charmes, brincadeiras, trocadilhos, beleza, intensidade, e mais uma vez, selvagem sensualidade pagã. Vejam só um pequeno trecho: "Carandiru, Candelária, Vigário Geral, Carajás, Feliz Natal". Ela vai fundo na essência do ser, mas sem nunca perder as perfeições da forma. É evidente que além de todas as qualidades já indicadas, ainda ficam bem claras as preocupações humanistas e sociais desta magnífica poeta. Jorge Mautner