Que silêncio, omissão, colaboração e apoio sejam atitudes muito próximas nos jogos da política, isso é percebido em diversas circunstâncias históricas da modernidade. Já a indiferença, quer em sua dimensão individual, quer social ou política, é tratada mais como um sintoma de insensibilidade, ou talvez, e não de forma excludente, fuga de um trauma. Como tal, atravessa experiências que, embora problematizadas como apatia, oportunismo ou ausência de pensamento, parecem reivindicar direito enquanto opção política. Se nos ativermos aos acontecimentos da atualidade, observamos que o movimento pendular entre indiferença e interesse, desengajamento e engajamento, bem como suas diversas mediações, têm sido recolocados por sujeitos efêmeros nas mídias interativas (in)visíveis e em outras organizações, sinalizando, portanto, indagação sensível e urgente que os autores reunidos nesta coletânea se propuseram enfrentar: por que desde o século XIX a indiferença se tornou preocupação nuclear da política?