Uma história ambiental da colonização moderna no BrasilAqueles que pretendiam modernizar o Brasil falavam sobre a necessidade de "inspirar amor à terra" entre os lavradores brasileiros. A tragédia está em que os projetos modernizadores desconectavam os lavradores da terra, de forma que isolados, ambos, pudessem ser vendidos no mercado. A tal processo Karl Polanyi chamou de "a grande transformação", Donald Worster, por sua vez, sugere que uma história ambiental do mundo rural passa por narrar tal processo, tanto em termos planetários como em suas especificidades locais, o presente livro pretende contribuir com tal narrativa.Há uma clara ironia presente no título da obra, pois o projeto da tecnoburocracia estatal de "inspirar amor à terra" era um ato de violência contra a terra e os seres humanos que nela viviam. Tal processo não foi pacífico, os lavradores tinham suas próprias práticas e termos para adentrar e conviver com o sertão e com os projetos de modernização. E, tampouco, a natureza se dobrou aos projetos modernizadores, gerando efeitos deletérios que antes de serem "vingança da mãe natureza" eram consequências de uma ação humana arrogante na paisagem.O presente trabalho aborda as estratégias e representações do Estado e de lavradores que participaram do processo de colonização de novas terras, em um momento em que tal processo estava inserido nos projetos de industrialização do Brasil. Tal temática é abarcada a partir de um estudo de caso, o da colonização da região de Campo Mourão, no Estado do Paraná, entre 1939 e 1964.