Já pensou em passear pelas ruas de Havana com Leonardo Padura? Em Ir até Havana, o escritor cubano leva o leitor a uma caminhada por locais que marcaram sua vida e sua literatura. Os relatos são entremeados por trechos de seus livros e romances, com claras referências e inspirações. A segunda parte da obra conta também com reminiscências do autor, que vão de 1984 aos dias atuais. Comoventes, resgatam a história de ambientes importantes da capital cubana: pontos turísticos, bairros, construções e monumentos. Ao fim, completa o volume um belo caderno com fotos da cidade. No texto de abertura, Padura escreve sobre sua obsessão com a cidade e afirma que esta é uma obra que ele sempre quis escrever. "Este livro é um canto de amor à cidade em que nasci e vivo, escrevo e padeço, o lugar do mundo ao qual pertenço, como uma bênção ou uma fatalidade inapeláveis: como a água que nesta ilha nos rodeia por todos os lados." Trecho"Eu disse em outros textos que um romancista é um armazém de memórias. A vida humana não lhe basta para que ele possa reunir todas as histórias, sensações, visões da realidade de que precisa lançar mão para criar suas narrações. Ninguém pode viver a vida de todos os seus personagens nem estar em cada um dos lugares e momentos em que se pode forjar romanescamente a existência de suas criaturas. A memória de outros, a experiência de outros, deve ser, então, canibalizada para ir além do limitado espaço do tempo e das vivências humanas: como carrapatos, nós, escritores, nos alimentamos de sangue alheio. Assim, a Havana a que começo a assomar a partir de 1968 era um espaço feito de visões próprias e memórias absorvidas, dos rios que em sua confluência davam forma àquela ilha urbana que entrava num momento de definição histórica muito crítica."