Compreender a complexa estratégia de sobrevivência dos jovens que integram as frações da classe trabalhadora brasileira expropriadas de direitos constitui uma tarefa necessária à qual Maria Beatriz Lugão Rios se dedicou com rigor científico e sensibilidade, em seu livro "Jovens sem trabalho e sem escola: entre o Juvenicídio e a esperança". Os indevidamente denominados "nem-nem" nos são apresentados aqui a partir das contradições de nossa sociedade, marcada pelo capitalismo dependente, em que se encontra a gênese estrutural da exclusão sistemática desses jovens dos processos formais de escolarização e de trabalho. Entretanto, sem se restringir à denúncia, a autora analisa alternativas de sobrevivência construídas pelos jovens em seus espaços de esperança, visando conquistar seu direito pleno à cidade. Abordados em sua diversidade, esses jovens se apresentam como sujeitos complexos e expressão dialética das relações sociais de seu tempo histórico. Trata-se de um livro indispensável a todas as pessoas que pretendem compreender tais processos discriminatórios e concorrer para a transformação das condições estruturais que geram interdições ao direito a uma vida individual e coletiva digna e socialmente fecunda para os jovens aos quais são cotidianamente roubados o presente e o futuro. [Sonia Maria Rummert]