De Agostinho de Hipona a Vattimo, passando por muitos dos nomes mais significativos da tradição filosófica ocidental - Espinosa, Descartes, Hume, Rousseau, Kant, Arendt, Plantinga -, e terminando com um belo texto em que a personagem filosófica principal é a ironia de Sócrates, Marcio G. de Paula vai desenvolvendo paulatinamente momentos conceptuais incontornáveis da filosofia de Kierkegaard que na sua maior parte não se tornariam descortináveis se não fosse o triplo diálogo em que são aqui entendidos. Diálogo, logos diferencial, inseminado pelo tempo futuro e pelo conflito do Eu-Outro (Eu)... Assim, a concepção do diálogo exibida na presente obra consegue de facto disseminar aquela luz apropriada - não demasiado intensa nem demasiado fraca (como Nietzsche disse a propósito de Hamann) - de que a filosofia precisa para poder encarar de frente autores, como Kierkegaard, que voluntariamente se situaram numa espécie de margem interna do filosofar que bem pode designar-se como experimentação e dissidência. (do prefácio de José Miranda Justo)