Homem ou mulher. Há um espaço viável entre essas duas categorias ou fora delas? Qual seria sua natureza, sua definição, sua estrutura? A razão pode ao menos se livrar do masculino e do feminino, da esquerda e da direita, do interior e do exterior, domesmo e do outro, do direito e do avesso, do binarismo e da simetria, a fim de imaginar o múltiplo, o flutuante, a indefinição? Ao longo da história, uma invenção teórica e poética tentou fornecer uma resposta a essas questões e lhe dar forma: o 'terceiro sexo' é aquele, quimérico e bem real, que desafiaria a lei do gênero. Mas como a segunda natureza, a quinta dimensão, o sexto sentido ou a oitava maravilha do mundo, esse sexo supranumerário justifica sua existência pelos referentes de que gostaria de se diferenciar. Tanto que sua elaboração sempre irá se chocar com este enigma: o que é um homem? o que é uma mulher? No interior desse círculo, como definir esse sexo 'outro' de que a Criação e a Natureza a priori não dariam exemplos? Ter