Contos, textos e ilustrações inspirados no primeiro disco do músico e compositor Beto Guedes, "A página do relâmpago elétrico".Leia um trecho da apresentação:"Estávamos em 1993 e eu tinha quinze anos quando ouvi pela primeira vez Beto Guedes. A canção, inesquecível, era "Maria solidária", tocada em uma rádio há muito extinta, a Musical FM.Que voz era aquela e de onde ela vinha? Que intensidade, que entrega. Era Maria que chorava, era o cantor, ou era eu, uma adolescente angustiada (com o perdão do pleonasmo)? A canção me desvelava e ao mesmo passo me acolhia, ao expulsar a tristeza e exaltar o brilho do sol e o do luar, além do brilho da vida de quem dançar. Aguardei com ansiedade que a rádio anunciasse o nome do cantor. Beto Guedes. Quem ele seria? E como seria? Eu não tinha a menor ideia. A única certeza era a de que precisava ouvir mais músicas cantadas por ele, o que foi acontecendo lentamente, à medida que a rádio tocava "Sol de primavera", "Lumiar", "Amor de índio" ou a dolorida "Balada dos quatrocentos golpes". Mas eu não ia me contentar em ouvi-lo somente quando a rádio decidisse tocar, e por isso fui atrás de comprar seus discos, garimpando lojas e bancas de feiras.Cada um que eu encontrava era uma conquista e eu os ouvia sem parar na vitrola do quarto, acompanhando as letras no encarte e devorando as canções. Escutei Beto Guedes diariamente por muito tempo e sei que foi ele que me levou a mergulhar na obra do Milton Nascimento e a viajar pelo Clube da Esquina. Foi também pelo Beto que descobri Lô Borges e 14 Bis, e então fui a vários shows do Milton no Parque do Ibirapuera e no Memorial da América Latina. Fui até Santo André, certa feita, de trem, para assistir o Lô. E vi Tunai no Centro Cultural São Paulo e descobri o rock progressivo de O Terço e muito, muito mais. Beto me acendeu a paixão por Minas e pelos mineiros e despertou meu maravilhamento pelas montanhas, pelas grandes paisagens naturais, pelo céu e pelo azul. Sem saber, foi me levando pela música, fazendo-me conhecer sons diversos, e por isso nada mais coerente do que ser ele o escolhido para este que é o primeiro livro da coleção "Leia no volume máximo".E tinha que ser A página do relâmpago elétrico porque é o primeiro disco solo do Beto; porque foi lançado em 1977 (um ano antes de eu chegar ao mundo, eu queria um disco mais velho do que eu, sabe-se lá por que); e, claro, porque é nele que está "Maria solidária", a canção que começou tudo - e cuja autoria, al