O sintoma, fruto de um conflito que nele encontra sua mais veemente expressão, tem sentido - eis a novidade da proposição freudiana que inaugura a clínica psicanalítica em sua especificidade. No rol das formações do inconsciente, repertoriado ao ladodos sonhos, dos chistes e dos atos falhos, ele é a resultante do conflito entre o eu (instância recalcante por excelência) e o pulsional (objeto do recalque), o fim de um processo iniciado nas exigências da satisfação pulsional e encaminhado à produção das fantasias que estão em sua origem. Sua análise, assim, desvela o que lhe é subjacente, com seu sentido inconsciente e seu polo de gozo pulsional, o mais reticente à diz-solução.Histérico, ao invadir o real do corpo; obsessivo, ao preencheros espaços vagos do pensamento; ou fóbico, ao substituir a angústia por um objeto de medo, o sintoma é estruturado como linguagem. Por ser a encruzilhada que indica o lugar do sujeito dividido, a psicanálise visa não à sua eliminação, mas sim trazê-lo à fala, o que Jacques Lacan nomeou como "bem--dizer o próprio sintoma", vendo nisso uma face relevante da ética psicanalítica.Neste livro, o leitor encontra uma série de elaborações em torno do sintoma em suas diversas manifestações neuróticas. Na histeria, mostram o quanto suas configurações atuais refletem, como sempre, os impasses diante da feminilidade; nas obsessões e nas fobias, declinam a sua singular dialética com a angústia; e nas artes e na cultura, revelam que suas letras constituem legítimas manifestações do sujeito nos mais diferentes campos da experiência humana.