Em tempos em que a juventude se tornou tão careta e reacionária, faz-se mais do que urgente a revolta, a rebeldia, a provocação. Claro que não me refiro aqui a palavras de ordem inócuas, a discursos blasé de redes sociais, mas sim a construções e desconstruções de linguagem. Raul K. Souza já é conhecido na cena curitibana (e também em outras paragens) por seu trabalho impecável como editor. Aqui o leitor e a leitora conhecerão o Raul poeta. Ligações que rasgam é sua estreia literária, e Raul simplesmente deixa poetas mais rodados boquiabertos. Versos como "no escuro quarto da casa/da alma/da família/com sonhos no chão", remetem a um Pessoa em Aniversário, ou em Lisbon Revisited, tamanho o grau de sua poética reflexiva, pensada, mas não hermética. A poesia de Raul é grito, urro, gemido, mas não se contentem com tão pouco, leitores e leitoras; acima de tudo a poesia de Raul K. Souza é linguagem. A linguagem que corre e escorre pelos poros mais recônditos de leitores e leitoras maisatentos (as) que também gritam, que também urram, que também gozam. Ligações que rasgam traz a poética do corpo, do onírico, da memória e do metafísico. Raul K. Souza, iconoclasta contemporâneo, estreia com brilho, com furor, com fúria.