Nascer, crescer e morrer. Poderia ser assim o resumo do seguir da vida. Mas ela - a vida - é tão cotidiana quanto contraditória, constantemente contestada. Um ato litigioso que não se sabe no que vai dar, onde vai dar. E vai. O que não pode ser contestado é justamente o conflito, que é presença palpável nos contos de Mailson Furtado em Litígio. Sob 16 títulos, há prosas em versos que falam de gente ordinária a viver sua lida diária, questionar o linear acontecer das coisas e, por vezes, não aceitar o que foge ao lugar comum. Há faltas sentidas, há dores sofridas, há medos temidos e abandonados. E há a vida que, na sua contradição, segue. Furtado, vencedor do Prêmio Jabuti de 2018, coloca os leitores neste caminho de começo-meio-fim que, guiado por verbos intransitivos, des-transita a linha reta e faz com que os olhares desviem às margens para captar detalhes - memórias, sentimentos, pequenos gestos - que geralmente se perdem na passagem do tempo.Litígio é o cotidiano que busca algo mais. O corriqueiro que pergunta pelo extraordinário. A vida que, tal como num tribunal, não se contenta: contesta.