Neste volume da Coleção Contemporânea, João Cezar de Castro Rocha desenvolve amplamente o que chama de poética da emulação em Machado de Assis. Tendo organizado seis coletâneas de contos do ficcionista para a editora Record, além de publicar diversos artigos sobre o assunto no Brasil e no exterior, João Cezar de Castro Rocha se destaca como um dos mais argutos e originais especialistas machadianos.A abordagem demonstra, de forma brilhante, como a ficção machadiana, sobretudo na chamada "segunda fase", dialoga com os grandes autores da tradição: Pascal, Xavier de Maistre, Shakespeare, a Bíblia, Stendhal, Poe, Baudelaire e José de Alencar, entre inúmeros outros. A hipótese fundamental é que o maior escritor da dita América Latina no século XIX teria redimensionado a antiquíssima técnica de emulação, desenvolvida pelos clássicos gregos e latinos e retomada com outras implicações no renascimento. Emular diz respeito à necessidade de considerar autores prévios como mestres, elaborando textos que, sem jamais perder de vista o modelo original, acabam por engendrar uma nova obra.