Como temos nos relacionado afetivamente com os sistemas de inteligência artificial gerativos (IAGen)? Quais têm sido os seus efeitos em nossos regimes emocionais e românticos? Refletir sobre essas questões no âmbito dos estudos linguísticos aplicados significa analisar não somente os aspectos sociotécnicos de modelos computacionais de linguagem, mas também investigar e problematizar os sentidos, as características e os sentimentos que vários de nós temos atribuído aos conteúdos gerados algoritmicamente. Não se trata de mera utilização de tecnologia. Em muitos casos, para o lado humano, trata-se de relações amorosas e sexualmente implicadas, que acontecem em/por discursos que materializam padrões morais, sexuais, religiosos, de gênero e de opressão. O livro de Giselly Tiago Ribeiro Amado nos convida a olhar para essa complexidade. Ao analisar relatos de usuários sobre seus vínculos românticos com um sistema de IAGen - inicialmente desenvolvido para pessoas com depressão -, a autora desvela nuances da lógica afetiva humano-máquina no capitalismo contemporâneo. Com análises e composições teóricas cuidadosamente costuradas, o texto é um convite para expandirmos nossas compreensões sobre linguagem e afeto e sobre o enredamento corpo-algoritmo na busca de relacionamentos supostamente perfeitos.