Nos poemas aqui reunidos, a memória assume a dupla função de método e mecanismo. Como método, faz com que uma voz tome para si essa matéria aquosa, líquida, por vezes transparente e turva, para investigar e criar. Já na posição de mecanismo, a memória se torna o próprio motor dessa operação, como propulsão e maquinação do ato criativo.Com essa força, as águas se abrem - dos oceanos que separam Brasil e Japão à composição do corpo - na difícil tarefa de narrar ou, quem sabe, materializar uma história ao mesmo tempo pessoal e coletiva, pois as mãos de uma imigrante ou de uma criança podem sempre segurar as mãos do outro.