A aglomeração de enormes populações em áreas metropolitanas, com percentuais da população pobre vivendo em condições precárias de emprego, habitação, saúde e educação, é um dos mais graves problemas da atualidade brasileira.Um país de 190 milhões de habitantes, com 8,5 milhões de km², 70 milhões de habitantes, ou 37% do total, concentram-se em áreas metropolitanas que ocupam, somadas, 167 mil km², ou seja, apenas 2% de todo o território. Essa concentração tende a aumentar em cinco milhões de habitantes a cada dez anos, com grande percentual de população pobre desempregada.Tal concentração resulta em problemas de gravidade crescente, de ordem econômica, social e política, que exigem dos poderes públicos e de toda a sociedade soluções criativas e corajosas.Ao lado das evidências do aumento demográfico e econômico relativos, nessa questão se concentra a problemática social, cujo lado mais evidente e dramático é a exacerbação da violência, com notórias vinculações com a desigualdadede riqueza. Nas áreas metropolitanas se alastra o que o sociólogo Frâncico de Oliveira batizou de "governo pela exceção", com a ação do Estado reduzida a iniciativas de caráter assistencial e ao recurso da blitz eventual de batalhões policiais em território ocupado por forças "inimigas".Este livro, organizado por Luiz Cesar Queiroz Ribeiro e Orlando Alves dos Santos Jurior, é uma brilhante e balizada contribuição para equacionar o problema e apontar-lhe soluções institucionais e políticas. Reúne estudos de pesquisadores brasileiros e estrangeiros dedicados à questão, sob a égide do Observatório das Metrópoles, uma rede integrada por 17 instituições e cerca de 100 pesquisadores que, em todo o país, se dedicam a estudar o tema candente dasaglomerações urbanas.O argumento central desta obra é que o tamanho das nossas metrópoles, suas desigualdades, suas favelas e periferias e sua violência são conseqüências necessárias da disjunção entre economia, sociedade e território que caracteriza a nossa expansão periférica na economia-mundo capitalista. Devemos ser capazes de dar uma resposta às ameaças de fragmentação nos planos nacional e territorial, sem o que nenhuma mudança de rumo na economia estabilizada será possível ou terá sentido.