Nesta reunião de poemas escritos na maturidade, Adélia Prado, nossa mais importante poeta brasileira, volta aos temas tão caros à sua obra para fazer uma reflexão de vida inteira sobre o cotidiano, a intimidade e uma relação com o sagrado que está espalhada desde o ofício de escrever poesia até a mais prosaica receita culinária. Oitavo livro de poesia de Adélia Prado, publicado originalmente em 2013, Miserere é, ainda que com leveza e humor, "um pedido de socorro" em relação à finitude, aos pecados e aos males terrenos e da alma.Divididos em quatro seções ("Sarau", "Miserere", "Pomar" e "Aluvião"), os poemas, em sua maioria, parecem cada vez mais econômicos. A capacidade de dizer muito com pouco fica evidente, por exemplo, em "Uma pergunta", ao traduzir sentimentos complexos e dolorosos que pais e mães costumam experimentar em algum momento da vida: "Vede como nossos filhos nos olham, / como nos lançam em rosto / uma conta que ignorávamos. / Na~o cariciosos, convertem em pura dor / a paixão que os gerou."É sempre muito bonito ver como Adélia, mesmo ao descrever a iminência da doença e da morte, arranca da bruma onírica uma visão bem-humorada. "Deus, tem piedade de mim. / Peço porque estou viva / e sou louca por açúcar", diz a poeta com graça em "Distrações no velório".Livro após livro, a sensibilidade de Adélia Prado continua transformando o corriqueiro em matéria poética e espiritual. Dos tomates da feira ao quarto de costura, Miserere fala diretamente ao coração do leitor ao lembrá-lo de que o divino está completamente imerso na vida cotidiana. A tempo de comemorar os prêmios Camões e Machado de Assis (ABL), conquistados em 2024, e os 90 anos da autora, completados em dezembro de 2025, Miserere chega aos leitores com capa nova criada pelo premiado designer Leonardo Iaccarino a partir da tela do artista plástico Pedro Meyer.
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