A missão da Igreja não é realizada de forma alienada da missão de Jesus Cristo, mas, ao contrário, situa-se dentro da missão de Jesus. Nesse sentido, a missão se apresenta como a manifestação essencial do amor divino que se revela justamente ao ir aoencontro do ser humano e de sua história. No êxodo, por exemplo, o Deus incriado se revela ao se inserir no mundo criado. A mobilidade missionária de Deus surpreende porque ela é motivada pelo clamor dos escravizados e, ao se identificar com uma dorque o afeta, afasta qualquer possibilidade de se mostrar como um Deus glacial e, de forma empática, simpática e tomado de compaixão, vai ao encontro libertador dos escravizados. Deus, o primeiro missionário, vive uma mobilidade que o conduz aos porões da humanidade. O envio do Filho de Deus encarnado, confirmado como presença no envio e no mistério da ação do Espírito Santo, se situa como a suprema e plena manifestação da atividade missionária divina. É justamente na encarnação que a missão encontra a sua plenitude. Assim, é possível compreender que a missão é expressão do próprio ser de Deus no mundo concreto. Com isso, queremos dizer que a missão jamais pode ser reduzida a uma verdade abstrata, alienada do tempo ou até mesmo alienada dahistória. A fé abstrata em um Cristo não histórico é completamente desconhecida nas Escrituras. O mundo, o ser humano e a criação são interpelados de forma concreta e, por conta disso, é justamente na história concreta de homens e mulheres concretosque o drama da salvação se realiza. É interessante observar que as últimas palavras/ações dos sacerdotes registradas por Mateus é a de subornar os guardas para espalhar que a ressurreição havia sido uma farsa. Todavia, as últimas palavras de Jesus registradas por Mateus e em oposição aos sacerdotes foram: "Vão, portanto, e façam com que todas as nações se tornem discípulas"