A guerra dos camponeses da Vendeia talvez seja o mais desconhecido e o menos estudado dos episódios transcorridos durante a Revolução Francesa.Insere-se neste contexto de audácia e heroísmo a figura de François de Charette. Personalidade cativante, de grande coragem e liderança. Tinha uma grande fé e por ela estava disposto a dar a vida. Foi, como tantos outros líderes vendeanos, convidado pelos camponeses para liderar seu combate "por Deus e pelo rei". Pelo direito de assistir à Missa e poder se vestir melhor no domingo. De devotar-se ao rei e manter o modo de vida que tanto amavam e com o qual estavam há tantas gerações habituados.A ideia da resistência contra as injustiças perpetradas pela Revolução não partiu, pois, dos nobres. Nem tampouco do clero. Foram os camponeses que decidiram tomar em armas para defender a religião, o rei e o modo de vida que levavam. Para lutar pela prática da fé que receberam dos pais e para manter a liberdade da qual sempre gozaram.Para lutar, eles precisavam de líderes que os comandassem. Muitos foram chamados. Um deles foi justamente François Charette que, não acreditando nas chances de sucesso do levante, escondeu-se debaixo da cama para não ser encontrado pelos camponeses que vieram buscá-lo. Entretanto, diante dos insistentes gritos de "Charette! Charette!", e dos argumentos que lhe diziam ser uma vergonha um oficial do rei se negar a combater os sacrilégios e a prisão dos sacerdotes, ele decide aquiescer. Mas não sem antes exigir que lhe obedeçam prontamente. Promete, então, não depor as armas até que a religião fosse restabelecida.E partiu para uma luta desigual, unindo à sua promessa o seu lema: Combattu souvent, battu parfois, abattu jamais!E ele foi fiel à palavra dada. Até o fim. Até uma morte enfrentada com singular heroísmo e bravura.