Neste romance de formação com tintas autobiográficas, Simone Campos conta a jornada de uma menina carioca desde a infância, quando se converte a uma renomada denominação evangélica, até a vida adulta - momento em que rompe com a igreja. Uma história de amadurecimento, vínculos familiares e convicções que, muitas vezes, podem cair por terra.Nascida em uma família católica nos anos 1980, a narradora de Mulher de pouca fé se converte, ainda criança, a uma influente igreja evangélica no Rio de Janeiro depois que o pai decide abraçar a doutrina pentecostal e se torna um fiel fervoroso. Para quem nunca se sentiu acolhida na escola, entre colegas, e pela sociedade de modo geral, a religião surge como resposta para a dor da solidão.Fazer parte da igreja passa a ter muitos significados. Vestir o rótulo de "crente" num meio de classe média em que eles são minoria a enquadra em um estigma, mas por outro lado faz com que a menina se sinta parte de algo maior. Precoce, desde criança é chamada a cumprir papéis importantes na comunidade religiosa: orar na rádio, cantar no púlpito e, já na adolescência, participar como ghost-writer na campanha de um candidato-pastor.No auge da juventude, alguns episódios fazem com que a personagem passe a questionar as próprias convicções, e ela decide romper com a igreja. Já adulta, recebe o diagnóstico de autismo e busca se reaver com o passado a partir de novas interpretações para as situações que a formaram. Mulher de pouca fé é uma obra de ficção que parte de um testemunho real para narrar uma trajetória pouco convencional, em que a religião se apresenta, num primeiro momento, como acolhimento e, mais tarde, como privação."Pode botar fé, a palavra de Simone Campos tem poder. É delicioso viver o Rio dos anos 1990 na perspectiva de uma criança autista que encontra sentido pra vida numa igreja evangélica. Uma protagonista cujo pai apelida o diabo de Didi, como nos Trapalhões, e que acredita que calças jeans são demoníacas. Até que ela cresce e sente a dor de não acreditar mais. Saio deste livro convertido - à Simone, que fique claro." - Chico Felitti