Mulheres do sertão - Contos é o percurso de mulheres que se fazem escrita no ato de contar uma história que, por sua vez, é história de outras histórias. Um corpo de história partida em corpos de mulheres, cuja cartografia marca a passagem do tempo -nelas e no sertão -, fios costurados às suas vidas e às marcas da paisagem. Veredas se cruzam de texto à pele, à terra, à memória. às histórias. A secura da terra nordestina se faz carne e sal nas lágrimas jamais derramadas que se disfarçam no humorcáustico das personagens. Há um cruzamento de falas que, como caminhos que não chegam a lugar nenhum, retornam nos fios da memória incessante.Há um narrador que é personagem e observador, simultaneamente. A passagem de um foco a outro da narrativa se dá de maneira quase imperceptível. É uma história que se faz de muitas histórias, à moda das rendas de bilro. Há uma espécie de tristeza que se vinga em riso. Mulheres do sertão - Contos é uma história de histórias que se calam. Há subjacente ao texto, reticências de silêncio, a solidão abissal de mulheres trancadas em si mesmas... O ritmo dessa escrita, embora se faça de memória, não se perde em lentidão. Ao contrário, é tenso e rápido como o movimento dos calangos, réptil da região, que,ou se move através de rápidas corridas, ou permanece imóvel como se estivesse morto. Mulheres do sertão - Contos conta histórias de mulheres do sertão. E essas histórias não são sobre elas, são elas mesmas.