Em Ninguém me obedece, muito menos eu, Carla Guerson transita entre o íntimo e o irônico e acolhe o desconforto, sem abdicar do bom humor. Mesclando confissões, observações rotineiras e lampejos de humor ácido com momentos de vulnerabilidade profunda, a autora não teme expor seus processos internos, explorando com franqueza temas como saúde mental, relações e memórias.O tom fragmentário e direto, como se cada poema fosse um recorte instantâneo, dá a impressão de uma espécie de diário poético, onde sentimentos como raiva, desalento, ternura e cansaço coexistem. Entre gestos de autodepreciação e um afeto constante pelo próprio percurso, a escrita conduz o leitor a um território raro em que não se sabe se é melhor rir ou chorar. Por vezes, será convidado a fazer as duas coisas ao mesmo tempo.