Vinícius Venancio nos guia com elegância e desenvoltura em uma viagem pela história e formação da identidade nacional do arquipélago de Cabo Verde. Como que guiados por um experiente barqueiro que compreende os fluxos e humores de um velho rio, somosconvidadas a apreciar a arte local enquanto refletimos sobre o lugar dos fluxos turísticos na formação da nação. A partir do souvenir, algo singelo materialmente, mas com grandes signficados simbólicos e imateriais, o autor explora com profundidadetemas importantes das relações institucionais, dos fluxos migratórios, das práticas de governo e movimentação de elites intelectuais, dinâmicas do turismo e suas especificidades no contexto racial próprio de uma nação em constante movimento entre África e Europa, e o cotidiano de artistas e artesãs da Ilha de Santiago, que têm nas práticas criativas uma fonte de sustento familiar. O comércio da saudade: uma etnografia da produção e da circulação de souvenirs genuinamente cabo-verdianos na ilha de Santiago é certamente uma obra que ficará na memória das pessoas que a lerem. - André Omisilê Justino, Doutor em Antropologia pela Universidade de Brasília A obra O comércio da saudade: uma etnogrfia da produção e da circulação de souvenirs genuinamente cabo-verdianos na Ilha de Santiago, de Vinícius Venancio, constitui um marco importante nos estudos antropológicos sobre Cabo Verde, inscrevendo-se, igualmente, na florescente produção em Estudos Africanos no Brasil. Estamos perante uma obra deleitura obrigatória para todos os que estudam Cabo Verde e os Estudos Africanos. Cláudio Alves Furtado O trabalho dado à estampa alia um denso trabalho etnográfico, desembocando numa etnografia densa (Geertz, 1973), a uma exegese interpretativa fina, profunda e inovadora em que a descrição etnográfica sustenta e é sustentada por uma abordagem teórica adequada e ajustada aos objetivos perseguidos. O comércio da saudade contempla uma análise instigante das representações culturais e identitáriasque enformam os discursos sobre a Nação cabo-verdiana, a partir da cultura material, mais precisamente dos souvenirs. A partir de uma originalidade radical nos estudos sobre a identidade cultural e nacional o texto articula, de forma processual, a produção de artesanato e as narrativas endógenas que sustentam essa produção e que, por sua vez, se articula com a construção da nação numa dialética que diferencia e que aproxima o local (nacional) e o global. Afinal, os souvenirs, que produzem e enca