Antes apontada como "sexo frágil", a mulher na atualidade vem desbravando arduamente os caminhos sociais e lutando por maiores direitos sexuais. Muitos sutiãs foram queimados nas passeatas feministas de meados do século XX, como símbolo da luta por maior igualdade de gênero. Mas ao contrário do que poderíamos supor, apesar das conquistas inegáveis, as dificuldades sexuais nunca deixaram de compor as queixas das pacientes nos consultórios de psicologia. Este livro fala de mulheres que estabelecem relacionamentos afetivos duradouros, mas que dizem não ao sexo. A mente consciente parece desejar, mas o corpo diz: não! O vaginismo é abordado sob a ótica psicanalítica, explorando suas raízes emocionais e inconscientes. A partir da vivência clínica e acadêmica da autora, o livro oferece uma análise profunda e completa sobre o tema, apontando caminhos para a compreensão psicanalítica dessa condição. O livro traz o desafio de articular a teoria psicanalítica com a visão contemporânea acerca do feminino. Por isso, aborda detalhadamente todo o percurso de Freud sobre a psicossexualidade na histeria, a fim de chegar nos demais autores que contribuíram para o avanço e continuidade da teoria psicanalítica no dias atuais. A natureza ambivalente e paradoxal humana parece sempre ter como pano de fundo as vivências sexuais, que apesar de prazerosas, podem vir acompanhadas de profundas experiências de angústia. A sexualidade no século XXI ainda pode ser considerada o traumático, com já afirmava Freud há mais de um século. O corpo feminino aprendeu a gritar, mas em algumas dobras da carne, o silêncio ainda resiste: o vaginismo é uma dessas vozes caladas pela história.