Publicado em 1890, O cortiço é a principal obra do Naturalismo brasileiro e uma das grandes obras da literatura nacional. Neste romance, Aluísio Azevedo retrata, com realismo e crueza, as precárias condições de vida dos moradores de um cortiço carioca no século XIX. Por meio de uma narrativa envolvente, o autor expõe a pobreza, a corrupção, a injustiça e os conflitos sociais que permeiam o cotidiano desse espaço coletivo. Com personagens marcantes e uma ambientação vibrante, o livro convida à reflexão sobre as relações humanas e a animalização do ser humano - tema que se mantém atual.No cortiço, a vida pulsa - desordenada, intensa, inescapável."E aquilo se foi constituindo numa grande lavanderia, agitada e barulhenta,com as suas cercas de varas, as suas hortaliças verdejantes e os seus jardinzinhosde três e quatro palmos, que apareciam como manchas alegrespor entre a negrura das limosas tinas transbordantes e o reverbero das clarasbarracas de algodão cru, armadas sobre os lustrosos bancos de lavar. E osgotejantes jiraus, cobertos de roupa molhada, cintilavam ao sol, que nemlagos de metal branco.E naquela terra encharcada e fumegante, naquela umidade quente e lodosa,começou a minhocar, a esfervilhar, a crescer, um mundo, uma coisa viva,uma geração, que parecia brotar espontânea, ali mesmo, daquele lameiro, emultiplicar-se como larvas no esterco."