Os avanços tecnológicos na seara da medicina e da saúde, o anúncio de resultados fantásticos da biologia molecular e da engenharia genética, inclusive no meio ambiente, e as novas práticas biomédicas resultantes do descobrimento do DNA recombinante,além de colocarem em risco o futuro da humanidade, por conterem, em si mesmos, os poderes de criação e destruição da vida e da natureza, dão ensejo à exploração econômica, ante o irresistível fascínio de desvendar os mistérios que desafiam a argúciada ciência, e à imposição de uma perigosa e injustificada autoridade científica, que podem gerar resultados esteticamente desastrosos e problemas ético-jurídicos voltados à vida, à morte, ao paciente terminal, à sexualidade, à identidade de gênero, àreprodução humana, às tecnologias conceptivas, à paternidade, à maternidade, à filiação, ao patrimônio genético, à correção de defeitos físicos e hereditários, ao uso de material embrionário em pesquisas, à eugenia, às experiências farmacológicas eclínicas com seres humanos, ao equilíbrio do meio ambiente, à criação de seres transgênicos, à clonagem, ao transplante de órgãos e tecidos humanos, à transfusão de sangue, ao mapeamento sequencial do genoma humano, ao patenteamento da vida, à mudança de sexo etc. Tudo isso levou-nos, apesar de nos faltar engenho e arte, a refletir, pensar e repensar, por constituir um sintoma de frustração e desequilíbrio existencial, uma receita infalível para a coisificação do ser humano e um terrível processo para a liquidação da humanidade a longo prazo.