O Evangelho de Jimi Rango apresenta alguns dos elementos primordiais que fizeram de Mano Melo um poeta tão distinto na literatura brasileira: ele reúne a sensibilidade filosófica de um Fernando Pessoa, a oralidade dos cantadores nordestinos, o psicodelismo lisérgico dos anos 1970 e a cultura pop - aqui representada pela mística dos antigos filmes de faroeste americano. Jimi Rango destoa não só dos cânones literários da época em que foi publicado, mas também de seus pares da chamada Geração Mimeógrafo.Trecho da obra:"Esta é uma estória de viageiro sem dinheiroA estória de qualquer Zé Beradeiro doido de qualquer sertão,ou até mesmo a sua estória, meu irmãoSe for a sua, venha cá e aperte a minha mão,e vamos nos sentar aqui no chão pra tomar um cafezinhoE se essas minhas rimas são de ão e inho,é pra facilitar você me acompanhar com o seu pinho,até que de novo se separem o meu e o seu caminho,ou quem sabe a gente vai se sentir irmão com tanta intensidãoque nossas almas vão pulsar na mesma pulsação?"(O Cantador Fala de sua Vida e Pede Passagem)