Em julho de 1969, o Papa Paulo VI havia confiado aos astronautas da Apolo 11 o texto do Salmo 8. Gravado numa pequena lâmina de ouro, esse texto foi colocado sobre o solo lunar como testemunho da fé e da engenhosidade humanas. É a partir dessa refinada obra do Antigo Testamento que se inicia a reflexão deste livro dedicado à antropologia bíblica, como um retrato da figura humana iluminada pela revelação divina. O Salmo 8 é um canto de grande entusiasmo em relação ao ser humano: criatura microscópica, quando comparada às estruturas celestes, verdadeiro e próprio "junco frágil", segundo a célebre expressão de Pascal, e, no entanto, coroado como um soberano por Deus, que o fez inferior apenas a si próprio. Uma exclamação semelhante encontra-se também no primeiro coro da Antígona de Sófocles e reflete a admiração do mundo grego pela capacidade do ser humano que vive a experiência do pensamento: "Muitas são as coisas admiráveis, mas nenhuma é mais admirável que o homem".