"Lá em casa todo mundo me chamava de menino bobo. Só sabiam era me chamar de menino bobo. Sempre que eu dizia que o teto do meu quarto falava comigo, e eu falava com ele como se ele fosse gente, todos riam e me chamavam de menino bobo. Só que era verdade, e eu tinha que dizer a verdade. Mas tanto me chamaram de menino bobo que, quando tinha dez anos, eu tinha até medo de adormecer à noite só de pensar que podia acordar no inferno. Porque o inferno, todos eles me diziam, era o lugar para onde iam os meninos bobos que tinham tetos amigos, e conversavam com eles como se eles fossem gente."