Quando criança, em Salvador, na Bahia, passava as férias num sítio no vilarejo de Itapuã. O sítio era vizinho de lindas dunas de areia bem brancas e cercada por mistérios. Nas noites sem lua sempre ouvíamos piados que pareciam gritar: Mouriça"! Os pescadores e as senhoras que lavavam roupas numa lagoa bem conhecida de lá, a do Abaeté, diziam que as piadas eram de uma moça chamada Mouriça, que por castigo tinha sido condenada a ser um pássaro estranho ir voar para sempre na escuridão. E essa era a estória que eu e meus primos mais gostávamos de ouvir nossa Tia Eliane contar, enquanto nos embalávamos nas redes da grande varanda do sítio nas noites de lua cheia.