Nesta obra fundadora da ciência política moderna, escrita em 1513, o filósofo florentino Nicolau Maquiavel elabora um dos mais contundentes tratados sobre como governar. Embora à sua época Maquiavel tenha sido considerado frio e calculista pela Igreja católica - e posteriormente tenha tido seu nome transformado num adjetivo com esse teor -, O príncipe é um clássico atemporal que ganha com esta edição uma nova tradução junto à correspondência completa do autor com dois amigos diplomatas, Francesco Vettori e Francesco Guicciardini.Enquanto no tratado principal Maquiavel estabelece os conceitos basilares de "fortuna" e "virtude" e discorre sobre o comportamento e as qualidades que um estadista deve ter, nas cartas vê-se em que contexto nascem essas ideias, e o que o filósofo desejava com elas ao dedicá-las ao duque de Urbino, Lorenzo de' Médici. Mas não só: nas epístolas notam-se os detalhes sociais, íntimos e até financeiros, além das provocações particulares deste pensador que ficou equivocadamente conhecido pela máxima "os fins justificam os meios".Assim, no contraste entre obra e correspondência, percebe-se a clara divisão entre vida pública e privada, muito embora ambas sempre estejam permeadas pela política. Num mundo ainda governado por homens que com frequência extrapolam os limites de suas funções e territórios, renova-se a importância de um livro que aborda a melhor forma de conduzir os assuntos públicos internos e externos, o papel dos exércitos e das leis, assim como a relação entre dirigente e dirigidos. Ler O príncipe hoje é retomar a relevância dos assuntos políticos para o cotidiano do cidadão, bem como ter um norte do que se espera de um chefe de Estado.