O personagem acorda, nu, em um quarto branco, amarrado ao leito, sem saber por que está lá. Ninguém aparece para informar-lhe o que aconteceu; sente medo, raiva e curiosidade, mas não consegue se mexer. As paredes e o teto branco o sufocam, tem pesadelos com locais e pessoas que parecem conhecidas, mas que não lhe dizem nada. Imagens de outra vida sugerem que foi pessoa importante, mas agora nada é, a não ser um corpo nu sobre uma cama de hospital. Por vezes delira e letras dançam ante seus olhos, embaralham-se, mas não formam uma palavra. Odeia o branco. Passado um tempo, acorda em outro quarto, todo branco também, com outras pessoas em outros leitos e enfermeiros, que quase nada lhe informam. Quem é? Por que está ali? Qual foi a doença que o acometeu? Juntando imagens e palavras soltas, vai descobrir que foi infectado por um vírus novo e muito agressivo. É uma crônica de quarentena, que tenta descrever o medo, a angústia e as sequelas dos doentes de Covid-19.