Pode-se dizer que a psicanálise freudiana forjou a mentalidade do Ocidente no século XX, juntamente com o niilismo nietzschiano e o materialismo marxista. Trata-se de doutrinas sob certos aspectos inconciliáveis entre si, porém coincidentes na glorificação do homem como ser soberano na imanência, sem vínculos metafísicos com nada para além dele próprio. [...]A partir da consideração de que todas as ciências assentam sobre princípios que não lhes pertencem, chamados axiomas, Allers demonstra oquão anticientífica é a pretensão da psicanálise freudiana de explicar não apenas a vida mental dos indivíduos, mas a das coletividades, os fundamentos da religião, as manifestações da cultura e os mais diversos fenômenos sociais, porém a partir degeneralizações insustentáveis na perspectiva filosófica. [...]Inconsciente, repressão, sublimação, resistência, princípio do prazer, princípio de realidade, instintos da libido, instintos do ego, complexo de Édipo e várias outras teorias freudianas vão mostrando sua inconsistência filosófica, ao longo deste livro. [...]A presente reentrada de Rudolf Allers no mercado editorial brasileiro vem a calhar, em nossa opinião, pois o tempo crepuscular dos ídolos começa a dar lugar a uma aurora pela qual se vislumbra os pés-de-barro de vários autores que viraram a cabeça de várias gerações.