Este livro trata sobre como o racismo e a branquitude atuam dentro do campo teatral, especificamente, a dramaturgia. Através de uma reflexão crítica sobre a história do teatro brasileiro e a construção da categoria raça, busca-se problematizar as dinâmicas de produção de estereótipos raciais e as estratégias de resistência de artistas negras e negros no teatro contemporâneo.Haverá, hoje, no Brasil, uma categoria analítica mais polêmica que raça? E se a projetássemos no campo teatral, como o campo se manifestaria? É exatamente o que o livro de Julianna, com atitude e coragem, pretende: enfrentar o dilema racial pelo viés da hegemonia de epistemes e estéticas brancas, suas tensões e disputas étnico-raciais no campo teatral. E isto torna esta obra leitura obrigatória, pois quebra com a norma da falsa harmonia das narrativas. Ao tirar o véu que oculta as relações raciais anula certezas e fixações estabelecidas, desconstrói a estabilidade das aparências existentes e neutraliza o mantra retórico que universaliza a presença branca na condição de pessoa e racializa a presença negra na condição de não-pessoas. Um diagnóstico imperioso para o momento atual brasileiro.- Julio Cesar de TavaresProfessor titular de Antropologia, Universidade Federal Fluminense