A obra Os Governos FHC e a Reforma do Estado no Brasil do Real: em busca da legitimidade perdida - uma abordagem histórico-sociológica, que ora é apresentada ao público, trata da explicação (relação de causalidade), da compreensão (apreensão dos sentidos do mundo evocados por indivíduos, grupos sociais, coletividades, sociedades e civilizações) e da interpretação (percepção das significações mais absconsas por conta da reprodução das condições materiais e espirituais de existência) dos processos sociais, econômicos, políticos e culturais que conduzem à reforma do Estado brasileiro, por ocasião da ascensão político-institucional de Fernando Henrique Cardoso à Presidência da República Federativa do Brasil. No decurso de um interregno cronológico que vai de 1995 a 2002, assinala, assim, o exercício de dois mandatos consecutivos, proporcionados e chancelados pelo ineditismo representado pela aprovação do instituto da reeleição (Emenda Constitucional n.º 16, de 4 de junho de 1997). O tema mais encontradiço neste estudo é aquele que tem por foco a centralidade da reforma do Estado no Brasil, seja essa última definida como uma reforma lato sensu (reforma cuja amplitude pressupõe a dinâmica inter-relacional entre o Estado - 1º setor -, o Mercado - 2º setor - e a Sociedade - 3º setor), seja como uma reforma stricto sensu (reforma eminentemente administrativa). Nesse sentido, o recurso ao estudo das políticas públicas de emprego serve como parâmetro para avaliar o quanto o tema da reforma do Estado constitui uma realidade concreta. De igual modo, os depoimentos de altos funcionários que integram a tecnoestrutura estatal (núcleo estratégico) acerca da funcionalidade da administração pública federal, ou, simplesmente, gerenciamento público, servem para corroborar a dinâmica transformacional que se verifica no contexto interno do Estado. Em suma, uma das principais características deste livro é a fluência e a desenvoltura com as quais o autor transita por todo o espectro das Ciências Sociais em geral, por sua vez associado à perspectiva histórica, ao largo, portanto, do formalismo sociológico.