Necessário, pioneiro e consistente! Com esses adjetivos, dou início ao prefácio deste livro agradecendo o honroso convite que recebi de seu autor, Julio Cesar Francisco.Sim. É um livro necessário, porque já estava na hora de a educação dos jovens infratores submetidos à ação penal do Estado tornar-se objeto de um estudo minucioso tendo em vista a superação dos limites, das mazelas e mesmo das distorções que caracterizam a educação dos jovens infratores em nosso país. É pioneiro, pois desbravaum campo até agora carente de análise específica e aprofundada. É igualmente consistente, o que se explica pela experiência de vida de seu autor e pela firmeza com que ele se dedicou à análise aprofundada de seu objeto, acionando fundamentos teóricosrelevantes aplicados ao estudo empírico percuciente das condições em que os jovens são conduzidos a infringir a lei e, em consequência, a ser submetidos à correção disciplinar da justiça juvenil.De fato, Julio, na condição de órfão de pai e mãe, desde criança foi submetido à ação do Estado, vivenciando as vicissitudes às quais estão sujeitos as crianças, os adolescentes e os jovens socialmente desamparados. Tendo dado a volta por cima, ele decidiu dedicar-se plenamente ao estudo desse tema emseu trabalho de conclusão do curso de pedagogia, em sua dissertação de mestrado, em sua tese de doutorado e, agora, em sua pesquisa de pós-doutorado.Apetrechado com os estudos realizados na graduação e na pós-graduação, Julio decidiu no pós-doutorado dar um passo mais ousado, buscando no arsenal teórico da experiência socialista a orientação pedagógica para uma ação educativa efetivamente emancipatória dos adolescentes e jovens. Eis por que se propôs, com o livro, contribuir para a formação dos jovens infratores por meio da pedagogia socialista. Traz à baila, portanto, a questão da pedagogia. Aproveito, então, o ensejo deste prefácio para abordar esse assunto.Começo observando que, se toda pedagogia é teoria da educação, nem toda teoria da educação é pedagogia. É o caso, por exemplo, das teorias que chamei de crítico-reprodutivistas. Tais teorias propõem-se a explicar o fenômeno educativo sem a pretensão de orientar a prática pedagógica. Podemos, pois, dizer que são teorias sobrea educação, e não teorias da educação. Ou seja, são teorias educacionais, mas não teorias pedagógicas.Com efeito, o conceito de pedagogia reporta-se a uma teoria que se estrutura com base na prática educativa e em função dela. A pedagogia, como teo