A pergunta da interação entre conceitos filosóficos e religião tem a ver, para nós, com o lugar epistemológico a partir do qual os textos deste livro são pensados. Os autores são, em grande parte, da área de filosofia da religião em departamentos de ciência da religião. Procuramos manter em mente que filosofar não é pensar a partir de filósofos, mas a partir de problemas. Tais problemas, por sua vez, nos levam a buscar um diálogo criativo e um estudo profundo, por vezes bastante especializadoe exegético, da obra de determinados filósofos. Ou seja, tem-se um objeto a se problematizar e se volta, então, para certos pensadores a fim de perguntar a eles como alguns de seus conceitos podem nos ajudar a entender faces do complexo fenômeno da religião. Perder a perspectiva do problema, o espanto diante de determinadas questões, é perder o próprio filosofar. E o mesmo acontece quando se perde o foco no próprio contexto histórico. Por isso temas e conceitos filosóficos contemporâneos. Por fim, é preciso que se diga ainda que esse movimento entre conceitos filosóficos e religião não é apenas de mão única. Se os conceitos nos ajudam a entender a religião, o contrário também é válido: como a religião pode ajudar a entender os conceitos? Se superamos a visão positivista de que religião não tem a ver com pensamento, as coisas ficam muito mais interessantes. Afinal, há também os influxos de noções religiosas sobre os conceitos. Isso, em vez de empobrecê-los, contribui para estejam atentos a outras dimensões.