"Na sua alma palpitava fortemente um coração de poeta, e ante as cenas majestosas da natureza, ante a virtude, ante o mérito, ante a boa cristandade, o seu alevantado espírito não podia de certo ficar calado. Ele era poeta e tinha os olhos fitos no céu e o coração aberto na terra! Escrevia para o povo, mas as suas composições agradavam ao homem mais douto, sabendo assim o poeta a um só tempo deleitar a todos. Por isso muitas das suas poesias não parecem escritas há tão longos anos, pela jovialidade que apresentam, pelo enredo de seus dramas, pela agudeza dos seus ditos, pela vivacidade das suas cores. Gregório de Matos pertence à literatura de dois povos. Costa e Silva chamou-o Rabelais português; antes, porém, já o sr. J. Norberto o chamara o Juvenal brasileiro. Há nas suas poesias muito que se aplicar a todas as situações da vida, e se as condições sociais mudaram, não são as mesmas do tempo em que poetou e floresceu, a humanidade é ainda a mesmíssima e as fragilidades humanas se repetem e renovam em todos os séculos... porventura refinadas". - Alfredo do Vale Cabral