Psicologia, fenomenologia e questões decoloniais não é somente o título de um livro organizado por Alexandre Trzan e Cristine Mattar. É a nomeação de um projeto. Em sentido decolonial, a psicologia deve favorecer processos de dessubjetivação das existências forjadas colonialmente, condição necessária para qualquer possibilidade de transformação (qualitativa) de um mundo histórico. Caso contrário, como será possível fazer e deixar ver a fenomenalidade de existências invisibilizadas em um mundo que naturaliza colonialmente diversas invisibilidades? Em condições coloniais, a psicologia deve assumir o desafio fenomenológico de deixar e fazer ver o que colonialmente não se mostra, mas que pode e deve (exigência ética) se mostrar. Os capítulos deste livro direta ou indiretamente assumem esse desafio. Apesar da maior parte de seus textos ter sido escrita por psicólogas e psicólogos, seu conteúdo é de interesse de todos os saberes que, em condições coloniais, devem ser ressignificados e/ou recriados de forma decolonial. Nessa alteridade político-epistemológica que se revela na relação entre psicologia, fenomenologia e pensamento decolonial, reconhecem-se psicologias outras: psicologias que nascem dos Outros e Outras apagados/as pela colonialidade. Psicologia afro-ameríndia, psicologia de Preta e Preto-Velho, psicologia de terreiro, de Pombagira, dentre outras possíveis.