Imagine nascer e crescer em um ambiente religioso e, após uma vida de dedicação ao ministério de Cristo, ter a fé questionada pelos seus pares, em razão do seu posicionamento político. Essa foi a realidade de muitos evangélicos que inspirou a escritadeste livro. As três últimas eleições presidenciais do Brasil foram afetadas por intensa polarização política, que atingiu diversos setores da sociedade, inclusive as comunidades de fé, e em particular, os evangélicos. Embora a relação entre fé e Estado seja percebida em diversos momentos da história, no Brasil hodierno, especialmente com o advento do movimento neopentecostal, a influência da teologia do domínio e a polarização, a incursão política dos evangélicos ganhou novos contornos. Na busca por poder e para atender interesses particulares, líderes evangélicos não apenas abraçaram um lado na política, como transformaram o outro lado em um inimigo a ser vencido. O que se viu, particularmente nas eleições presidenciais de 2014, 2018 e 2022, foi uma verdadeira guerra, em que direita versus esquerda representava, na visão de muitos, a luta do bem contra o mal. Para vencer tudo era válido, até mesmo transformar o púlpito em palanque e a igreja em campo de batalha, onde os dissidenteseram traidores, não cristãos, e deveriam ser combatidos. O que você, leitor ou leitora, tem em mãos não é apenas uma dissertação de mestrado publicada como livro. É um desabafo, um protesto de um cristão que presenciou a degradante transformação do evangelho acolhedor, puro e simples de Cristo em instrumento de disputas e propagação de ódio e intolerância.