Os Quodlibetales, de Santo Tomás, são comumente menos estudados que suas grandes obras de síntese, a maior das quais sem dúvida é a Suma Teológica. Isso é compreensível, é claro, quando se tem em conta a altura e a largueza de sua obra magna. Ainda assim, esses textos são ouro puro, não apenas para os interessados na obra de Santo Tomás, mas também para os estudiosos da escolástica e do medievo como um todo. Porque as disputas quodlibetais nos dão um curiosíssimo vislumbre do cotidiano das universidades medievais, além de ajudar-nos a aprofundar certos pontos mais crípticos e compactos da própria Suma Teológica. Mas o que são os Quodlibetales? Um delicioso gênero de textos, que hoje nos pareceria, possivelmente, exótico ou mesmo bizarro. Para compreendê-lo, é preciso, em primeiro lugar, distinguir os textos que Santo Tomás produziu na tranquilidade de sua cela (mesmo que motivado pela atmosfera universitária) e os textos produzidos na efervescência e vivacidade do dia a dia acadêmico. A Suma Teológica, conquanto tenha sido escrita para estudantes de teologia, pertence ao primeiro grupo. Os textos do segundo grupo são de dois tipos: a lectio e a quaestio. A lectio era a exposição comentada de um texto (é exemplo desse gênero de produção o Comentário às Sentenças de Pedro Lombardo). A quaestio era uma disputa ou debate em torno de uma questão específica e sob a supervisão de um mestre.
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