Esta obra de Willie James Jennings oferece uma análise profunda e crítica sobre como o cristianismo ocidental se entrelaçou com os projetos coloniais e raciais da modernidade. O autor faz uma leitura contundente da tradição teológica cristã ocidentalao demonstrar como ela se constituiu, historicamente, em estreita associação com os processos de colonização e racialização. Jennings argumenta que a teologia cristã, ao ser moldada pelo imaginário imperial europeu, desvinculou a fé de dimensões como o corpo, a terra e a comunidade instaurando uma visão desencarnada e desfigurada da relação entre Deus e a humanidade. Esse processo emergiu em uma identidade cristã eurocentrada, excludente e alienante, que legitimou a desumanização de povos indígenas e africanos e sustentou as estruturas do racismo moderno.Com grande sensibilidade, o autor reconstrói uma genealogia teológica que evidencia como a cristandade moderna, ao ser instrumentalizada pelo poder colonial, perdeu sua vocação encarnacional. Além disso, ao longo do livro, Jennings convoca a teologia a reencontrar seu lugar no mundo a partir da reconciliação, da relacionalidade e do pertencimento, particularmente nas experiências e resistências das comunidades historicamente marginalizadas. Assim, esta é uma obra indispensável para quem busca pensar uma teologia pós-colonial comprometida com a justiça racial.