Poucos termos frequentam mais assiduamente o léxico dos políticos e da mídia especializada do que "república" e "democracia". Entretanto, o que esses termos designavam precisamente em sua origem na Grécia antiga, os valores que passaram a representar na República Romana reinventada, a carga de conflitos que incorporaram no Renascimento e o sentido crucial, e libertário, que podem desempenhar no presente permanecem em sua maior parte desconhecidos.Em Republicanas: Atenas, Roma, Florença e a atualidade do republicanismo, Sérgio Cardoso, professor sênior do Departamento de Filosofia da USP, discute de forma clara e sintética os principais momentos de formação desses conceitos e do ideário que os cerca. Do entendimento distinto de Platão e Aristóteles, passando pelas contribuições originais de Políbio e de Cícero em Roma, detendo-se no Renascimento - particularmente em Maquiavel, de cuja obra o autor é um de nossos mais finos intérpretes - e abrindo-se para a Modernidade, Republicanas desemboca, em seus capítulos finais, no debate fundamental acerca dos sentidos da república e da democracia na atualidade, sem deixar de interrogar um velho conhecido das arenas latino-americanas, o populismo, que hoje ressurge em escala mundial.Ao mesmo tempo que dialoga com inúmeros autores clássicos e contemporâneos, Sérgio Cardoso se aventura a pensar o republicanismo para além do quadro das democracias neoliberais, quando o elemento popular, longe de se reduzir ao número dos votos, constitui o motor que, por meio dos movimentos sociais, dá vigor à vida política, espelhando em suas demandas a busca por Leis e Direitos.