Cherán, Michoacán, México - 15 de abril de 2011Por volta das 5 horas da manhã, a calmaria costumeira do fim da madrugada neste pequeno município indígena é interrompida por gritos, foguetes, disparos de armas de fogo e o insistente ressoar do sino da Igreja do Calvário. Liderados por um grupo de mulheres, os habitantes de Cherán cercam e aprisionam alguns dos membros do cartel de drogas "Os Cavaleiros Templários", responsável por aterrorizar a região e explorar ilegalmente os bosques da comunidade. Logo em seguida, os habitantes de Cherán revoltam-se contra o poder municipal - que por anos fazia "vista grossa" à presença dos "Templários" na região -, expulsando o presidente municipal e os partidos políticos do município, iniciando o processo de instauração de uma nova forma de governo inspirada nos antigos "usos e costumes" da etnia P'urhépecha. Esse é o ponto de partida para a pesquisa histórica e antropológica deste livro que busca compreender as nuanças desse movimento, desde a herança histórica dos "usos e costumes" até as vicissitudes da instauração e manutenção do autogoverno cheranense.