"São Bernardo tinha grande afeto por seus monges e estava bem consciente da natureza exigente da vocação cisterciense, com todos os desapegos que ela requeria e o ascetismo que impunha. Com os números, Bernardo achou um jeito de introduzir um elemento lúdico no seu ensinamento. Há algo de pueril, algo de bobo acerca de um homem barbado falando de seis colunas, três sonhos, cinco fontes, seis jarros d'água. A vida monástica precisa ser séria, mas isto a expõe ao perigo de se tornar ultra-séria erígida. Para os monges de Claraval e das outras grandes abadias cistercienses do século XII, os mundos gêmeos nos quais eles viviam eram a arquitetura dos edifícios monásticos e o canto gregoriano. Arquitetura e música, cada uma à sua maneira, consistem em harmonia de relações numéricas: relações de espaço, no caso da arquitetura, e relações de tempos e intervalos, no caso da música. Ao introduzir números na sua pregação, Bernardo estava estabelecendo um terceiro mundo para os seus irmãos - o mu