Em Se eu soubesse contar infinitos, Mayra S. Mayor tece uma trama tocante sobre três gerações de mulheres - avó, filha, neta - e suas relações com abandono, redenção e maternidade, o tempo e os traumas que amarram a família.No final dos anos 1960, Tereza se casa com Francisco, um poeta revolucionário. Perseguidos pela ditadura, o casal se exila em Paris, onde nasce Alice, filha única dos dois. De volta ao Brasil nos anos 1980, Tereza e Alice aprendem a lidar com o luto, cada uma à sua maneira: Tereza, após descobrir sua vocação para as artes plásticas em Paris, mergulha fundo no próprio dom e na festiva geração 80, exercendo uma maternidade que passa longe da esperada.Alice, por sua vez, tenta lidar como pode com o sentimento de inadequação e rejeição por ter uma mãe que foge do convencional. Até que engravida de um homem casado, ainda adolescente, e a experiência vira um divisor de águas na vida das duas.Já nos anos 2000, Alice, depois de anos dedicando-se a nada além de sua vida profissional, é uma grande economista que ainda luta para provar a si mesma e aos outros - inclusive ao pai de sua filha, com quem praticamente não tem contato - que venceu. Casada com Raul, o presidente da maior construtora do país, ela se vê repetindo o ciclo do abandono que sofreu: sua filha Carolina tem como principal cuidadora a avó, e, ao chegar na adolescência, tenta entender suas origens.A narrativa vai e volta no tempo e é interrompida por conselhos escritos a quatro mãos por Tereza e Carolina. Na construção das relações entre essas três mulheres únicas, mas também tão parecidas, fica a pergunta: até que ponto viver é dedicar-se a si? Até que ponto ao outro?