Escrito a partir do assassinato de um amigo, em Salvador, Sexo & funeral, o novo romance de Diógenes Moura, tem como fluxo principal o destino (o que está por vir), ao lado de uma sutil reflexão sobre o próprio ato de escrever, em um jogo onde ausência e lembranças se encontram para dizer sobre os conflitos que existem às margens do desejo, da violência, da paixão.Com uma narrativa repleta de personagens reais e outros, de passagem, ao lado da ficção poética sempre presente na obra do escritor, Sexo & funeral é também um exercício onde o alter ego do autor poderá ser um recurso para se aproximar de suas próprias experiências, criando um mosaico literário distante de qualquer classificação rotineira. Em Sexo & funeral há angústia, perfídia, longos beijos à beira-mar, um baseado cheirando a patchouli no final da tarde, ruas molhadas em uma cidade sem rastros, joias de marcassitas, cabeças decepadas, o homem que dorme virado para dentro afinando o olhar, o alfaiate dando início à vivissecção, o sol que não deixa o juízo apodrecer, a definitiva pergunta ao personagem principal: "O que você sabe a respeito do vazio que é a melancolia?". Com sua dicção peculiar, sua geografia humana profundamente particular e uma escrita abundante e sofisticada, Sexo & funeral é um livro comovente, que revela uma forma inusitada de se contar uma história 42 anos depois que um crime transformou uma ausência em um silêncio ameaçador.