Esta obra busca evidenciar a história de uma instituição por meio de diversas memórias em disputa, entre elas: as memórias apresentadas e manifestadas nos discursos das gestões, em redes sociais e eventos, nos quais se procura afirmar a promoção de um discurso institucional, demonstrando que o órgão atua na socioeducação de acordo com os parâmetros das normativas vigentes; e, nas práticas do dia a dia, as memórias dos socioeducadores, que comumente não aparecem em espaços de maior visibilidade,sendo assim as memórias internas entre os grupos de socioeducadores com conflitos e tensões, as diversas memórias da comunidade socioeducativa. Procura trazer os coloridos da vivência diária, de pessoas comuns, múltiplas vozes nesta construção, que juntas formam a história da instituição que é contraditória na sua missão: socioeducar e vigiar/punir. Descreve as práticas do Departamento Geral de Ações Socioeducativas do Estado do Rio de Janeiro (DEGASE), no período de 1994 a 2023 utilizando-se dedepoimentos dos socioeducadores que trabalham no sistema socioeducativo do estado do Rio de Janeiro e a análise de alguns documentos produzidos pelo DEGASE. A metodologia utilizada foi a História Oral, considerando as fontes orais como principal instrumento da pesquisa. Ao longo do livro, mostra-se uma luta travada da política socioeducativa entre a socioeducação e a segurança pela repressão. Constata-se que não é mais o sancionatório que convive com a socioeducação, e sim a socioeducação que convive com o Estado penal, fortalecido, bem-organizado e com objetivos claros e definidos. Mostra-se diversas formas de resistências por parte de vários socioeducadores a esse estado de priorização da segurança punitiva. A obra proporciona uma reflexão crítica sobre as contradições existentes ao observar o abismo existente entre o discurso e a sua prática, além de na compreensão crítica de seu passado, poder enxergar suas ações de forma transparente para no futuro buscar uma profunda mudança e efetivar a socioeducação enquanto política pública.