Neste livro, que marca a coroação de sua carreira como romancista, Noemi Jaffe faz de sua própria infância e adolescência a matéria-prima da narrativa. Filha de sobreviventes judeus da Segunda Guerra, ela atravessou uma juventude turbulenta, mediada tanto por descobertas políticas e sexuais quanto pela cultura questionadora que a formou."Vida é gasto e estou gasta, o espelho que magnifica mostra a verdade e a verdade é a velhice." No ato de encarar o próprio reflexo, Noemi Jaffe abre vertiginosamente o arcabouço da memória, retomando sua infância e adolescência como filha de imigrantes sobreviventes da Shoá.Crescendo numa barafunda de línguas - húngaro, iugoslavo, ídiche, e nosso português brasileiro -, a menina Noemi vai cavando a toca de sua identidade. Mas a passagem para a adolescência e para a vida adulta se dá através das palavras dos outros: descobrindo o prazer da poesia com uma antologia singular, a glória da rebeldia com um disco de Chico Buarque, as angústias existenciais com Herman Hesse. Te dou minha palavra parece questionar: do que é feita uma pessoa? Não apenas da memória das experiências vividas, mas também da cultura que a atravessa.