O problema que nasce e se configura no Teeteto recebeu a sua expressão sistemática na Teoria do Conhecimento. Vinte e dois séculos depois de Platão, ao exercitar a dúvida hiperbólica que o encaminharia ao princípio da evidência, do qual resultou o moderno conceito de razão, abrangendo a clareza e a distinção das ideias, Descartes conduziu-nos dramaticamente a esses pontos cruciais da experiência perceptiva - o sonho - e da identidade do sujeito - a loucura - apontados no Teeteto. Em Crátilo, a problemática do diálogo reflete, em larga escala, a concepção da palavra, como unidade elementar e real, que derivou do pressuposto da identidade entre linguagem e realidade, inerente ao pensamento antigo. Platão nos transporta a essa questão-limite que aglutinou a semiologia, depois que Saussure estabeleceu, aliás redescobrindo certos veios da doutrina estoica e da tradição escolástica, o caráter arbitrário do signo linguístico e a sua estrutura diferencial, como unidade entre significante e significado.