Não fiz dedicatórias no corpo deste livro. Se o fizesse seria para homenagear amigos, parentes e outros conhecidos que daqui partiram. Não haveria espaço suficiente nestas páginas para relacionar a todos que perdi e nem pude visitar para a despedida final. Meu tio Ari Amaral, o Marco Aurélio, os amigos da bola, companheiros de trabalho, enfim, uma montanha de saudades do tamanho do Everest. As lembranças de todos, caso fossem escritas, não caberiam na superfície desta imensa Amazônia. Nós, que vivemos nestas paragens da região Norte, onde a temperatura é mais baixa no verão e mais quente no inverno, sabemos que depois das enxurradas, chuvas e impiedosos temporais, sempre vem o luminoso sol da esperança. O entardecer ensolarado traz com ele não somente a esperança, mas também a necessária coragem para enfrentar a nova e próxima onda que, provavelmente, virá com as novas e letais cepas e mutações do vírus ceifador de vidas, tão pequenininho que é invisível aos olhos. Haveremos, sim, que derrotar também a ignorância de nossos iguais e enfrentar os desafios do enlouquecedor vazio da silenciosa solidão que se avizinha.